Conectividade entre os mais variados dispositivos acarretará explosão no volume de dados. Centros de processamento conseguirão atender a essa demanda? Especialista do Gartner acha que, no modelo atual, não.

Especialistas do Gartner costumam rodar o mundo com seus eventos temáticos. Um deles – que ocorrerá no Brasil dentro de algumas semanas – versa sobre infraestrutura de TI. Para aquecer a discussão, a consultoria costuma soltar releases relacionados ao assunto central do encontro. Eis que, recentemente, disparou uma nota afirmando que a internet das coisas (IoT, na sigla em inglês) forçará empresas a repensarem seus data centers.

Fabrizio Biscotti, diretor de pesquisa da empresa, afirma que os dispositivos conectados transmitirão informações em tempo real que precisarão ser gerenciadas por aplicações centralizadas, o que elevará a adoção de tecnologias relacionadas ao conceito de big data.

Agora, além disso, surgirá a necessidade de um redesenho de arquitetura para otimizar o tráfego dessas informações da maneira mais eficiente possível. Os impactos de um projeto bem executado, nesse sentido, se traduzem em benefícios de negócios.

A Harley-Davidson, por exemplo, abraçou o conceito de IoT em suas plantas fabris. Com isso, consegue montar uma nova motocicleta a cada 86 segundos. Em uma recém-renovada fábrica nos Estados Unidos, adotou sensores que, aliados a aplicações, mantém o ritmo da produção.

“Isso nos permitiu sermos mais consistentes. No passado, alguns operadores tinham algumas diferenças no trabalho, executando tarefas semelhantes de formas diferentes”, disse John Dansby II, vice-presidente global de manufatura da empresa ao The Wall Street Journal, referindo-se a um processo granular de pintura das motocicletas.

Com sensores medindo temperatura, umidade e capturando outras informações relevantes e as levando para um sistema de gerenciamento no data center foi possível ajustar os parâmetros para níveis ideiais e condições exatas pré-determinadas. “É para ser uma ciência exata, não arte”, adicionou.

Mas para obter benefícios de tecnologias atreladas ao conceito de IoT, as empresas precisarão preparar uma blitz para seus dados não-estruturados. Para o Gartner, serão os data centers que sentirão os impactos mais significativos desse desafio por se tratarem dos ambientes onde os dados coletados “residem”, “são manipulados” e transformados em coisas “usáveis” no contexto de negócios.

“Gestores de data centers necessitarão olhar mais adiante na capacidade de entrega dessas infraestruturas de forma a agir pró-ativamente para que conheçam prioridades e oportunidades trazidas pelo IoT”, disse Joe Skorupa, vice-presidente e analista do Gartner.

O especialista cita desafios atrelados a seis pontos cruciais: segurança, impacto em processos de negócio, privacidade, volume de dados, gestão do armazenamento, tecnologias de servidores e equipamentos de comunicação, e rede.

Tendências da computação indicam que dados devem ficar em um repositório centralizado. Skorupa defende que no mundo de internet das coisas seguir esse modelo não é tecnica ou economicamente viável. “A centralização de aplicações para reduzir os custos e aumentar a segurança é incompatível com IoT. Organizações serão obrigadas terem vários mini-DCs para onde o processamento inicial desses dados pode ocorrer, sendo que os dados mais relevantes, sim, serão encaminhados para um local central onde passarão por um processamento adicional”, prosseguiu.

Se a visão de Skorupa estiver correta, isso significa novos desafios. Por exemplo, esses diferentes locais precisarão aparecer como um site único, mas que permita monitoramento e controle individual.
Isso soa familiar? De acordo com o Gartner, o cenário aponta para um movimento constante de migração para serviços em nuvem e novos projetos de virtualização.

Outro ponto impactado será na estrutura de backup. Como recuperar, por exemplo, terabytes de dados? Os especialistas acreditam que somente aqueles dados mais relevantes terão tratamento mais dedicado.